OS GATOS DEIXAM PEGADAS NO NOSSO CORAÇÃO

    

Notícias - Errantes

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2011

10 de Novembro: Polux e mais uma captura original
 

Há cerca de 1 mês, surgiu na colónia da bela Pussy um gatinho preto, ainda medroso, mas que miava a pedir comida. Não me parecia um gato errante, porque não fugia quando eu me aproximava.

O Polux, como lhe chamei, estava em lista de espera para castração. Mas, um fim de tarde, apesar de escuro, pareceu-me vê-lo babar e percebi que tinha dificuldades em comer.

Não é fácil capturar um gato ainda arredio na colónia da Pussy. Entram todos na armadilha sem mesuras, e o novato nem sequer se aproxima!

 

Polux
Era urgente capturar o Polux, por isso tratava-se de puxar pela imaginação!

Deixei a porta do carro aberta, com a grande caixa da comida à disposição lá dentro. Todos eles entraram curiosos, comeram e se instalaram nos bancos e mantas na bagageira, excepto, claro, o Polux, que pude então capturar à vontade.

O pior foi para os tirar de dentro do carro quando quis partir...

Apesar de muito jovem, o Polux tinha os dentes todos podres. Mas, como se não bastasse, o consumo de água e o emagrecimento podem indicar que tem diabetes. Aguardamos resultados de análises.

 

8 de Novembro: Angélica e o Pão por Deus
Há já algumas semanas que me parecia que a gatinha Angélica, da colónia da Dulcineia, tinha dificuldades em comer.

Quando há comida e os meus errantes vêm miar com fome, algo se passa.

Em 1 de Novembro, após vários dias de luta entre mim e ela, a Angélica fez finalmente menção de entrar na armadilha. Mas, nesse mesmo instante, uma criança, acompanhada pelo pai, chamou-me: "Senhora, pão por Deus". Pedi à criança que se afastasse e a Angélica regressou e entrou na armadilha.

Angélica
A criança ainda ia ao cimo da rua! Chamei-a e pedi-lhe desculpa, explicando-lhe o que estivera a fazer, mas o pai já tinha percebido. Não tinha nada comigo para lhe oferecer, a não ser um livrinho com fotos de gatos e cães, contra o abandono: "E Tu?", de Teresa Couto. Meti-lho na sacola... Um bolo come-se, um livro perdura!

Minutos depois, a caminho da Clínica com a Angélica, voltei a passar por eles, pai e filho, que me saudaram efusivamente.

A querida Angélica tinha os dentes numa miséria. Muito em breve voltará para junto dos amigos, já engordou e pode finalmente comer sem dores.

 

28 de Outubro: Isa
Na tarde chuvosa de Quarta-feira passada, o bebé Isa estava no meio da estrada, paralisada de dores e terror.

Tem um enorme hematoma na zona pélvica, muito certamente provocado por um pontapé certeiro. Não faz xixi sem ajuda e a urina vem com sangue.

O seu maior prazer é um colo quentinho e ronrom.

Isa... bela princesa maltratada e posta na rua com apenas cerca de 6 semanas!

Isa

 

23 de Outubro: Peggy
 

A linda Peggy nunca se integrou bem no grupo dos gatinhos da colónia do Tufinho. Apesar de quase todos irmãos da mesma ninhada, não é um grupo coeso e solidário como a maioria das colónias de errantes que conheço.

Mesmo que chova torrencialmente, a Peggy vem a correr quando me ouve chegar, encharcada, porque não se recolhe com os outros nos locais que têm à disposição nem utiliza o abrigo comum quando tem fome. Só come quando se sente protegida pela minha presença.

Já no Inverno passado pensei acolhê-la no Refúgio. Mas as urgências, a falta de espaço...

Hoje chovia e a Peggy veio ter comigo pedir comida, apesar de no abrigo ainda haver muita! Todos os outros gatinhos estavam secos e vieram apenas cumprimentar rapidamente.

Foi quanto bastou para me decidir a capturá-la. A Peggy entrou logo na armadilha, confia totalmente em mim e sabe que nada de mal lhe acontecerá.

Está em nossa casa e amanhã será preparado para ela um isolamento confortável no Refúgio Jimmy.

Peggy

Chove torrencialmente esta noite, mas neste momento a Peggy dorme numa caminha quente, com pratinho e água só para ela.

Já não a imagino encharcada e receosa, à espera que eu chegue para vir comer.

 

6 de Outubro: Tufas

O Tufanito, da colónia do Tufinho, estava a emagrecer e parecia babar.

Deixou-se finalmente capturar e foi hospitalizado.

Foram-lhe extraídos todos os dentes, tinha a boca numa miséria.

Não está nada satisfeito com a estadia na Clínica, mas nem sempre a vida é fácil.

Em breve regressará aos seus domínios, para junto das amigas Catraia e Peggy, as suas preferidas.

Tufanito

 

26 de Setembro: Colónia da Zoé em perigo

Os proprietários do local onde tenho o abrigo com comida na colónia da Zoé não estão nada contentes com os gatos que ali têm sido abandonados ultimamente.

Fui avisada de que, se continuar, terei de deixar de pôr ali comida. Ou seja, muitos gatinhos habituados há anos a ter apoio e alimento diário ficarão sem nada, por culpa de oportunistas que não assumem as suas responsabilidades. 

 

25 de Setembro

 

Sucedem-se os gatinhos abandonados na colónia da Zoé. Mas sucedem-se também os que morrem devido ao abandono.

Morreu mais um dos gatinhos que ali foi cobardemente largado. Magro apesar de a comida não lhe faltar, levei-o para a Clínica. Depois, para lhe dar algum reconforto, veio para nossa casa.

Partiu hoje de madrugada para a Ponte do Arco-Íris...

Quem decidiu desfazer-se de gatinhos sociáveis e semi-sociáveis numa colónia de errantes só porque "alguém dá ali de comer" não sabe que o abandono mata e que a comida não é tudo, ou para esse "alguém" basta um prato cheio para ser feliz. Não é o caso dos gatos!

 

19 de Setembro

As notícias sobre os meus errantes não são as melhores.

O gatinho Mimi desapareceu. Há uma semana que o procuro. Vinha sempre jantar com os companheiros, sobretudo o Manushe, a Ameixinha e o Allegro. Tenho procurado e chamado nos quintais à volta, mas o Mimi não responde à chamada...

A gatinha cinzenta abandonada em Maio numa das minhas colónias foi atropelada. O condutor teve a delicadeza de vir prevenir, lamentando o sucedido. A culpa não foi dele, mas sim de quem abandonou ali aqueles gatinhos meigos, ainda mais em perigo na rua do que os errantes que nela nasceram.

 

28 de Agosto: Diálogo inquietante e Tufinho
 

Quando estava a pôr a comida no abriguinho limpinho e bem arranjado da minha Columbina, que esperava discretamente debaixo de uma piteira, uma "senhora", de aspecto abastado e culto, abordou-me:

Resumo:

- "Oh, minha senhora, você pôe aí comida e os gatos vêm para o meu jardim". Eu odeio gatos!

- "Mas, minha senhora, precisamente eu ponho aqui a comida porque era aqui que os gatos estavam.  Além disso, é a única forma de ganhar a confiança deles para poder esterilizá-los e tratá-los em caso de necessidade."

- "Então está a fazer uma boa obra! Continue depressa e veja se acaba com esta raça maldita."

- "Minha senhora, ao longo da história, alguns tentaram acabar com várias 'raças malditas', mas nunca conseguiram. Só Deus, se existe, o poderá fazer, deve dirigir-se a ele, porque eu não sou Deus!"


Entretanto, alguns quilómetros mais longe, fui encontrar o meu Tufinho deitado à porta uma vez mais fechada da casa onde nascera...

 

25 de Agosto: Tufinho

Hoje, quando cheguei à colónia do Tufinho, uma criança observava os gatos e falava com eles. Era uma menina estrangeira que me explicou que esteve aqui de férias e como ia partir estava a despedir-se dos amigos.

 

Contou-me que um "certo ruivinho" muito meigo estava quase sempre na casa onde ela passava férias com a família, mas que teriam agora de fechar a porta e ele ficaria na rua.

Fui com ela ver a casa: era a mesma em que o Tufinho e companheiros tinham nascido e sido criados.

Em tempos, os "donos" destes gatos tinham morado ali, mudaram-se e "esqueceram" os gatos, que aliás eu já alimentava e tinha esterilizado.

 

Tufinho

O Tufinho apenas regressara por uns dias à sua antiga morada! Vi a menina partir com a família. Esta noite, o Tufinho regressa à rua...

Como gostaria de ter espaço no Refúgio para estes gatinhos!

 

17 de Agosto: A vida e a morte

O bebé Andie recuperou muito bem da patinha. Ainda tem ferida, mas a articulação salvou-se milagrosamente. Pula e brinca com tudo, como todos os bebés do mundo. Renasceu!

Veio para nossa casa, porque é um órfão sem nada nem ninguém no mundo.

Mas se hoje se salvou um, outro partiu. Numa das minhas colónias de rua, um dos filhotes da Mara jazia perto do abrigo da comida. Ainda respirava. Corri para a Clínica, mas não foi possível salvá-lo.

Porquê?

 

12 de Agosto: Andy Wharol

Afinal, o bebé ferido a quem chamei Andy Wharol é uma menina!!! Ora bolas, parecia mesmo um menino! Muito reguila e divertido, a patinha recupera lentamente e acho que teremos uma donzela que fará sombra a muito rapaz.

Sendo assim, passa a chamar-se Andie...

A Andie continua internada. A ferida melhora, mas em redor da articulação, gravemente afectada, criou-se uma "capa" que deve desaparecer.

Ficará provalmente sempre deficiente da patita, mas a boa disposição e carácter de fogo manter-se-ão. E que é uma pata comparada com a alegria de renascer?

 

9 de Agosto: Lira

A Lira regressou hoje à sua amada horta. Mal entrámos, reconheceu o local e começou aos gritinhos de alegria. Pousada a transportadora debaixo do "seu" limoeiro, dava saltos com pressa de sair. A alguns metros, atenta, a dona da horta gritava igualmente "nina, nina, já voltaste!". Comovente reencontro!

No entanto, a Lira não se deixa tocar por ninguém. Mas a sua presença anima aquele pequeno espaço, e é ali que a Lirinha se sente acarinhada por um simples olhar e uma palavra de ternura.

Dá gosto cuidar destes gatinhos e apoiar quem os merece.

 

3 de Agosto: Lira
A jovem Lira, da Colónia da gatinha Lara, coxeava de uma patita.

Não é fácil de capturar esta donzela. Mas teve de ser!

Um abcesso junto à almofada palmar, talvez por algo que ali se espetou.

A Lirinha está a ser tratada e em breve regressará aos seus domínios: uma horta pobre mas cuidada, onde os gatinhos são benvindos pelos serviços que prestam e pela silenciosa e atenta companhia que fazem a muitos solitários.

Lira

 

30 de Julho: Andy Wharol
Ainda não tinha começado a distribuir a comida no magnífico grupo da minha Pussy, da Amanda, do Bambou, da Roxana, etc. e já sabia que algo de anormal se passava. A Pussy andava à minha volta inquieta, o Bambu não sossegava e a Amanda olhava-me apreensiva.

Aproximei-me cautelosamente e pus-me à escuta. Vindo do outro lado do grande muro sobre o qual escondo o prato da comida, o choro abafado de um bebé era a explicação para aquele comportamento.  

Pussy

Roxana e Amanda
Do outro lado do grande muro...

Do "outro lado", são montanhas de lixo e tralha velha. Como aceder e apanhar ali um bebé? Poupo-vos a narrativa da aventura!

Quando finalmente o aninhei contra o peito, aquecido e acarinhado, o bebé calou-se.

Tem cerca de 5/6 semanas apenas, os olhitos limpos e vivaços, mas a patinha direita muito inchada e cheia de pus.

Chamei-lhe de imediato Andy Wharol, como um quadro tristemente hiper-realista.


Enquanto corria para a clínica, duas perguntas me acudiram à mente: quem teve a coragem de pôr ali um gatinho incapaz de subir a um muro com mais de 1,50 m e portanto de comer, ainda por cima com uma patinha doente?

Não encontrei resposta e recordei aqueles que eu e tantas outras pessoas temos recuperado, por acaso, em contentores de lixo...

Quem serão os humanos capazes de fazer estas coisas? Dormirão bem, serão suficientemente hipócritas para ter gestos de amor para com os filhos e os amigos, serão igualmente cobardes em tudo o que fazem? Que valor dão à vida?

 

28 de Junho: Ameixa


No dia 16 de Junho, quando cheguei à colónia do Manush, a Ameixinha, que vem sempre a correr, não apareceu. De pesquisa em pesquisa, uma senhora da vizinhança disse-me que lhe parecia que a bela tricolor estava doente, escondida sob uma piteira num quintal.

A querida Ameixinha é uma gatinha fácil. Chamei-a e apanhei-a simplesmente ao colo.

Tinha uma ferida muito feia junto ao ânus e foi internada de imediato.

 

Ameixa

Já tem alta, e amanhã irá juntar-se aos amigos Manush, Gino, Carmen, Allegro, Ali, Nadya...

A Ameixinha foi abandonada, não fez parte dos móveis quando os "donos" se mudaram. Mais uma gatinha que precisaria de uma família acolhedora ou para a qual gostaria de ter lugar no Refúgio.

 

25 de Maio: Cobardia e oportunismo

Decididamente, a colónia da Zoé está muito movimentada. Há algum tempo que tinha reparado num gatinho cinzento escuro e numa gatinha siamesa, mas sem ter a certeza se seriam da vizinhança e iriam apenas em passeio.

Mas todos os dias me esperam para comer, o que pode significar que não têm casa. A siamesa tem uma belíssima coriza. Os olhos inflamados e o nariz colado, urge tratá-la antes que deixe de comer, mas está ainda muito tímida, mal se chega sequer aos outros, o que dificulta a captura naquele local. O cinzentinho é meigo, esperava-me deitado no abrigo da comida e aceitou festinhas.

Mas há mais dois !!! Outro cinzento, estranhamente com a barriga rapada e uma pequenita donzela tartaruguinha.

Quanto ao da barriga rapada, talvez uma menina, não acredito que a alma caridosa que ali a pôs a tenha esterilizado antes, mas enfim, tudo é possível...

A tartaruguinha estava aterrorizada! Escondida no mato, do outro lado da estrada, mal me sentiu veio a miar. Tentei atraí-la e deixou-se apanhar, aninhando-se no meu colo. Está na clínica. Desidratada, quase morta de fome, mas sobretudo de sede ao ponto de ter febre, porque deve ter estado ao calor sem coragem sequer de ter ido beber água junto dos outros.

Estes gatinhos, com cerca de 7/8 meses, foram muito provalmente abandonados nesta colónia por alguém que sabe que há quem ponha ali comida.

Há humanos cuja cobardia e oportunismo não têm limites.

 

13 de Maio: Lucky e Zoé

O Lucky regressou hoje para junto dos irmãos. Este gatinho nasceu para a felicidade. Mais um que merecia um lar acolhedor...

 

A vida com os gatos nada tem de monótono. Já ao fim do dia, após o Refúgio e chegada ao simpático grupo da bela Cindy, vi que a Zoé tinha uma ferida junto à orelha. Foi um sarilho para a capturar, com todos os outros demasiado interessados na latinha que servia de isco dentro da armadilha. Mas a Zoé lá conseguiu entrar sózinha, embora um pouco ajudada por mim.

Em seguida, ao ir finalmente encher os pratinhos, vejo chegar uma gatinha preta desconhecida no grupo, em grande alarido a pedir comida. Tentei acariciá-la e aceitou. Uma gatinha meiga, esfomeada e talvez grávida.

Felizmente, tenho sempre duas armadilhas, e lá foi a pretinha capturada também. Chamei-lhe Negrita.

 

11 de Maio: Lucky

O malandreco do Lucky, que, para meu desespero, desapareceu durante 16 dias, ressurgiu finalmente, mas cheio de fome e carraças, e com um belo abcesso na cara.

Capturado sem a mínima dificuldade, está em reciclagem na clínica, mas acho que nunca tomará juízo.

O encantador Lucky pertence à minha linda colónia do Tufinho, Peggy, Ricky, Catrainha...

Lucky

 

27 de Abril

Num dia de Outono do ano passado, quando fui dar de comer aos gatinhos da colónia da Zibelina, vi dentro do prato um bebé pretinho. Peguei nele, mas a criaturinha debateu-se um pouco. Percebi que era um gatinho ali nascido. Olhei em redor e vi mais dois escondidos entre os arbustos. Um pouco mais longe, uma gatinha preta vigiava os meus movimentos... Mal larguei delicadamente o pequenito, este correu para a mãe.

Capturei a Zibelina e a Sheba em Janeiro, e foi ao tentar capturar também a gatinha preta que encontrei o Ziggy. Depois, não voltei a vê-la, nem aos filhotes.

Hoje, perto do prato, uma vez mais, estavam um bebé cinzento e dois pretinhos. Peguei no cinzentinho, acariciei-o e ele gostou, lindo... Mas, um pouco mais longe, lá estava a mãe pretinha, que me olhava ansiosa !

Não, minha linda, não farei mal aos teus filhotes. Só quero tocar-lhes, ver a idade deles, e fazer tudo para que não me enganes novamente. Mal os teus filhotes possam passar sem ti, chegará a tua vez, porque os últimos desapareceram...

 

18 de Março: O pretinho
Acabou a Colónia da Mammy.

Nunca mais irei àquele local, onde, há uns anos, vi a Mammy e seus filhos, cheios de fome, esperando que alguma alma caridosa lhes atirasse, por cima de um muro, uns restos de comida...

O último gatinho foi capturado. O Tamir, assim como os dois jovens de uma ninhada ali deixada no Verão passado estão agora em segurança. Depois de me ter informado junto de pessoas de confiança da vizinhança, alguém soltava ali há algum tempo os cães de caça para se treinarem!

Mammy
Colónia da Mammy, no dia em que os conheci

 

16 de Março: O jovem preto e branco, companheiro do Tamir

Quatro dias de luta entre mim e ele! Este gatinho é muito tímido, dependia do Tamir para vir comer e se aventurar fora do tronco de árvore onde se acolhe. A árvore onde antes me esperavam os vários gatos da Colónia da Mammy...

Sem o Tamir, nem pensar!

Mas hoje, inesperadamente, o gatinho começou a miar bem alto, tal como fazia quando via o Tamir e iam comer juntos.

Ao longe, vinha chegando o mano pretinho... Ambos se dirigiram para o abrigo da comida e o preto e branco entrou na armadilha que estava ao lado, com comida apetitosa!

Eu, escondida entre as altas ervas, nem queria acreditar na minha sorte: capturar um e confirmar que o outro ainda estava vivo!

 

12 de Março: Tamir

Há quase 5 anos que alimento diariamente a colónia da Mammy. Ao longo do tempo, alguns gatinhos foram desaparecendo... Mas, ia voltando a ver um ou outro, até que deixei de os ver!

Há cerca de 15 dias, encontrei um cadáver de gato, com todos os sinais de ter sido morto por um cão.

Foi a gota de água! Apesar de o Refúgio estar cheio, não era possível deixar em perigo o Tamir e pelo menos outro jovem que ali se tinha acolhido recentemente e, muito provavelmente um irmão, pretinho, que não sabia ao certo se ainda era vivo.

O Tamir foi hoje capturado. Apesar de nunca lhe ter faltado a boa comida, sofria de anemia e tinha dentes podres. Está em tratamento e muito melhor, mas ainda hospitalizado.

Querido Tamir, filho da Mammy, o último dos antigos, por que motivo vos deixei eu tanto tempo num local que apesar de me parecer seguro não o era? As emergências...

 

19 de Fevereiro: Amigo

O belo siamês, novo residente na colónia da Dulcineia, já tem nome! Chama-se o Amigo.

Afável e meigo, este gatinho decidiu ali ficar.

Há uns dias reparei que coxeava do braço direito, mas por vezes magoam-se ao saltar e esperei para ver.

Hoje nem sequer veio ter comigo, como costumava fazer, ficou apenas sentado no muro à minha espera, o que significava que a pata poderia estar pior ou que tinha dores.

Amigo

Mal o chamei, veio de braço no ar! Fui buscar a armadilha e bastou abrir a porta e pedir-lhe que entrasse.

O Amigo tinha um pico ou algo semelhante espetado na almofadinha, que estava a infectar e devia dar-lhe imensas dores. De resto, está de excelente saúde.

Claro que foi igualmente castrado.

Belos machos, cuidado! Não magoem as patinhas, anda aí alguém que aproveita para vos fazer outras maldades!!!

 

3 de Fevereiro: Zibelina

A mãe do Ziggy caiu na armadilha! Já foi esterilizada e aguarda agora bem recatada o dia em que poderá regressar ao seu território, mas sem o filhote, que foi viver para o Refúgio Jimmy.

 

18 de Janeiro: Figo/Mimi

O Mimi regressou finalmente ao seu mundo.

Saiu da transportadora muito contente a correr e dirigiu-se imediatamente ao local onde estão escondidos os pratinhos da comida!

Não que tivesse fome, mas é ali que se encontra e brinca com os companheiros, e é ali que todos se juntam quando me ouvem chegar.

 

Mimi

 

 

13 de Janeiro: Ziggy

Quando cheguei há dias a uma das minhas colónias decidida a capturar para esterilização uma gatinha que ali foi criar os filhotes, vi um pequenito com um olhinho doente.

Decidi apanhá-lo primeiro para o tratar, a gatinha pode esperar mais uns dias.

Além de úlceras na córnea, o bebé tinha as pestanas coladas ao olho, o que o devia fazer sofrer sem um segundo de descanso.

Ziggy

Foi operado e está em recuperação, mas, apesar de viver numa colónia bem situada, não me creio capaz de voltar a libertar na rua esta calma e linda criaturinha, que deve ter apenas cerca de 3 meses...

 

10 de Janeiro: Figo/Mimi
Em Abril de 2007, quando capturei e esterilizei os primeiros gatos na colónia dos meus ciganitos Manush, Ameixinha, etc., aquele a que demos o nome de Figo já era um gatinho muito simpático.

Depois de castrado e tratado, aproximou-se ainda mais das pessoas e foi por isso sempre acarinhado por quem o conhece.

Mas, como é muito meigo e clarinho, toda a gente pensava que era uma menina e chamavam-lhe Mimi.

Figo/Mimi na clínica com um abcesso

Há uns dias que o "Mimi" tinha deixado de aparecer quando vou encher os pratinhos, mas, como a chuva afasta os gatos, esperei para ver. Ontem, alguém me informou que o malandreco tinha um enorme abcesso na cara. Hoje foi capturado e lá está uma vez mais na clínica, para ser tratado.

 

4 de Janeiro: Nino

Quando o Nino apareceu na colónia da Bela, percebi imediatamente que se tratava de um gato abandonado ou perdido e não de um errante, mas até há poucos dias nunca consegui saber de onde vinha.

Com coriza, os olhos inflamados e já quase sem comer, capturei-o muito rapidamente para o tratar e castrar.

Embora carente de afecto, o Nino adaptou-se ao grupo da Bela, onde foi bem acolhido e onde me espera diariamente.

Mas finalmente alguém me desvendou há pouco o mistério!

Uma pessoa protectora de cães e outros animais largou ali o Nino, sem se preocupar com o facto de estar doente. Sem se preocupar em perguntar se os outros, já sobrecarregados, precisariam de ajuda para pagar a castração e a factura da clínica onde o Nino esteve internado e foi tratado, ou mesmo se de vez em quando seria necessária ajuda para a comida.

Se os "protectores" de animais abandonam, por que havemos de nos admirar com os outros?