OS GATOS DEIXAM PEGADAS NO NOSSO CORAÇÃO

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Mitos e preconceitos

Muito do que se fala ou se diz acerca dos gatos não passa de crenças e de opiniões completamente erradas. Essas crenças levam a preconceitos e falácias que resultam, para a reputação do gato, num prejuízo enorme.

Em geral, inventam-se mitos e lendas para o desconhecido e o misterioso ou para o que é difícil de explicar, e o gato é uma das vítimas preferidas da nossa ignorância.

A fim de desmistificar determinadas crenças, apresentamos alguns factos que levarão a entender, e até a admirar, o mais incompreendido animal doméstico do mundo.

Eis assim alguns dos ditos, aos quais nós, amantes deste extraordinário animal, devemos de imediato retorquir.


"O gato suga, absorve, chupa ou aspira a respiração do bebé"

Desconhece-se a origem deste boato tão difundido que é absolutamente descabido.

É verdade que os gatos gostam muito de intimidade, calor, lugares fofos onde se possam aninhar e sentir confortáveis. Junto de um bebé encontram tudo isto.

O gato adora aconchego e conforto e aninha-se, frequentemente, no pescoço de alguém de quem goste para desfrutar desse bem-estar. É possível que alguma vez um gato tenha estado perto de um bebé que morreu de "morte súbita", síndroma que tem acontecido com frequência e do qual se ouve muito falar hoje em dia, acabando o gato por "pagar as favas" de um acontecimento para o qual não foi encontrada uma explicação plausível.

 

Romi adora dormir com a mãe adoptiva

Romi adora dormir com a mãe adoptiva

Certamente que algumas vezes algo de semelhante aconteceu a um bebé que dormia junto da mãe e isso não nos pode levar a deduzir que a mãe "suga, absorve, chupa ou aspira a respiração do bebé".

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"O gato consegue ver na escuridão"

Ludinha observa a noite

Luludia observa a noite...

As pupilas do gato são verticais e expandem-se quando ele necessita de ver na penumbra (lusco-fusco).

O gato tem cerca de 30 pêlos no bigode que o ajudam a orientar-se de noite ainda que em áreas desconhecidas.

Mas o gato não está, de modo nenhum, dotado de qualquer visão especial que lhe permita ver na escuridão total.

 

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"O gato cai sempre de pé"

Há crianças que acreditam nesta ideia folclórica e se deliciam atirando o seu pobre gato pela janela, apenas para comprovar esta crença estúpida. Na maioria dos casos, o gato acaba com as patas, os maxilares ou o pescoço partido.

É verdade que o gato é o animal doméstico mais ágil, gracioso e estável do mundo, mas a sua destreza nada pode contra este disparate, pelo que os pais deveriam alertar os filhos para esta mistificação, que é tão perigosa para a vida do gato quão deseducativa para as crianças.

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"O gato é um animal egocêntrico"

Este é mais um mito facilmente desmontável por qualquer pessoa que conheça, minimamente, o carácter deste animal. Se acreditar nesta crença, acredite apenas em metade pois é uma meia verdade. É um facto que o gato possui uma personalidade fortemente independente, mas a independência coexiste no seu carácter com a necessidade de amizade.

Chaussette, Billy e Bidule

Chaussette, Billy e o coelho Bidule

Kvit e o seu amigo Thai

Thai e Kvit, dois amigos inseparáveis

O gato precisa de ter amigos e os mais queridos nem sempre são gatos. Conhecem-se inúmeros casos em que os gatos estabelecem relações de amizade com as mais variadas e até espantosas espécies.
Fafá lava e acarinha o irmão doente

Há casos, por exemplo, de um gato que conviveu durante 2 anos em perfeita harmonia com um rato. Costumava lavá-lo e deixá-lo sentar-se em cima do seu dorso enquanto caminhava. Noutro caso, um gato desfrutou de muitas horas felizes na companhia de um garnisé, e outro, ainda, adorava jogar boxe com um coelho.

Os gatos do campo estabelecem amizade com as mais diversas espécies – vacas, cavalos, cabras, galinhas, etc. Estes relacionamentos comprovam que a discrepância de tamanho nada tem a ver com o amor.

Fafá lava e acarinha o irmão doente

Há provas suficientes que demonstram que não existe uma hostilidade nata entre os animais e que até os mais maduros podem aprender a aceitar sem medos ou zangas (agressões) espécies diferentes da sua.

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"Os gatos são cobardes"

Habitualmente premeiam-se e galardoam-se os cães por actos de heroísmo, mas muita gente desconhece que os gatos também têm a sua hora de glória. Por exemplo, uma gata chamada Agatha salvou a sua família adoptante de morrer durante um incêndio, saltando para a cama dos donos e acordando-os.
Outro caso conta que um sagaz, esperto e astuto siamês, chamado Su-Ling, fez fugir um assaltante a sete pés com sonoras rosnadelas e as suas ferozes garras de tigre. Noutro caso ainda, relata-se o feito de um gato que salvou a dona surda de um incêndio que deflagrou durante a noite, acordando-a com arranhadelas.

Há muitas histórias de gatos que conseguem assustar répteis venenosos, escorpiões e outras faunas indesejáveis. Na Flórida, houve um gatinho que alertou a dona para a presença de uma cobra coral.

 

Ferinha e a cobra

Ferinha e a cobra

Da próxima vez que ouvir alguém difamar a coragem dos gatos, conte-lhe estes casos e tantos outros. O heroísmo não é apanágio de nenhuma espécie em particular.

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"Os gatos não são afectuosos"

As pessoas que pensam desta maneira são incapazes de dar afecto ou de amar e nunca tiveram um gato no regaço.

Pitotinhas, o errante ternurento

Pitotinhas descobre o afecto

O gato amassa com delicadeza o colo ou o seio do humano para criar um espaço macio e confortável onde se possa aninhar (trata-se de um reflexo infantil que remonta à idade da amamentação, quando o gatinho amassava as maminhas da mãe para estimular o fluxo do leite e ao mesmo tempo se alimentava), ronronando alto ou baixo e transmitindo, assim, uma mensagem de satisfação e de amor.

O afecto de um gato é sempre subtil.

Veja-se como ele se roça pelas nossas pernas… de gato para gato é diferente o nível de afecto que cada um deseja ou consegue manifestar e também o modo como o faz, tal e qual como no ser humano.

Mas o amor existe, desde que sejamos receptivos a essas manifestações e quantas vezes também se o não formos!

Porém, o gato não mendiga festas ou carinho, nem concede a sua confiança a quem não a merece.

 

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"Os gatos preferem lugares a pessoas"

Este mito está fortemente relacionado com o anterior e é igualmente falso. Desde há muito (séculos) que o gato muda de domicílio juntamente com a família e a mobília.

Se considerar o senso natural do gato para as deslocações e a sua segurança como prioridade prioridade, e o deixar deambular pela nova zona, verificará que tudo correrá bem, visto que o gato irá, a seu tempo, familiarizar-se com o novo habitat.

De resto, casos de gatos que foram deixados pelos donos aquando da mudança de casa e que conseguiram reencontrá-los, percorrendo áreas inteiramente desconhecidas, por vezes a milhares de quilómetros de distância, não são assim tão raros. Como o conseguem é um mistério da ciência.

 

Nino não quer ficar em terra...

Nino prepara-se para viajar

Impõe-se a pergunta: se os lugares são mais importantes do que as pessoas ou os donos porque se deslocam então os gatos atrás delas, sofrendo as penosas dificuldades do percurso?

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"Os gatos são estúpidos"

Psicologicamente o cérebro do gato tem uma semelhança notável com o do homem mais do que qualquer outra espécie. Como se mede a inteligência de um animal?

Não se devem estabelecer comparações entre espécies nesta matéria, criando rivalidades, mas o facto é que os gatos ficam incomodados, por exemplo, com situações confusas.

Sarita sabe como se abrem portas e janelas

Sarita tenta abrir a janela


Observe-os quando tentam escapar de um espaço fechado: conseguem abrir portas, levantar trincos ou abrir fechos e utilizam o corpo contra as paredes para tentarem sair. Psicólogos observaram que a habilidade do gato para sair de espaços confinados é superior à de qualquer outro animal.

Para além de uma perícia e destreza soberbas e da estratégia posta em acção para caçar uma presa, os gatos têm um relógio biológico. Sabem a que horas devem voltar para casa e quando é a hora de irem para a cama.

Há no entanto alguns gatos estúpidos, como há gatos notáveis. Tal como os humanos, nem todos são inteligentes.

Muita gente pensa que os gatos são todos estúpidos por se recusarem a obedecer a ordens. Isto acontece porque os gatos acham que fazer o que se lhes ordena ofende a sua dignidade, o que prova a sua capacidade de reflexão.

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"Os gatos conseguem sobreviver ao abandono"

Esta lenda convém perfeitamente para aliviar a consciência de quem abandona, e é fácil entender onde este mito ganhou raízes.
O animal que mais próximo se encontra do estado selvagem é o gato doméstico.

No que respeita ao instinto de caça, o gato encontra-se a um milímetro de distância da selva.

Alguns gatos deixados em bosques, matas ou terrenos abandonados por gente desumana conseguem sobreviver, mas, se encontrar algum deles, reparará imediatamente no seu estado deplorável: magríssimos, sujos, esfarrapados e muito assustados.

Outros encontram por vezes pontos de apoio onde pessoas generosas distribuem alimento, mas a maior parte deles, bebés ou adultos, acabam finalmente por morrer da exposição às condições adversas a que não estão habituados.

 

Menina errante...

Gatinha errante após a refeição

Na verdade, nenhum gato possui nove vidas. Esta é uma das falácias mais comuns entre todas. Talvez o gato tenha oito vidas, mas não conte com elas, pois são de realidade duvidosa.

 

Por fim, retenha o seguinte:

· Não deixe as atitudes do seu gato fazerem de si parvo. Ele depende inteiramente do seu amor e dos cuidados que lhe dispensa;

· Cuidados inteligentes significam tomar precauções no que respeita à segurança e saúde do seu gato – vacinas e visitas ao veterinário, nomeadamente;

· Alimentação adequada, que inclui uma dieta variada de que ele goste, importantíssima para a aparência, boa disposição e vitalidade do seu gato;

· Os gatos pertencem à casa e não à rua, excepto para se exercitarem periodicamente. Devem dormir e viver sempre em casa;

· Cuidados diários, especialmente escovar e verificar orelhas e olhos, são necessários para manter o seu gato não só com uma bela aparência, mas também com boa saúde;

· Previna-se com os conhecimentos adequados em caso de doença ou acidente e prepare-se para pagar os custos necessários com a assistência veterinária;

· Castrar ou esterilizar o seu gato ou gata fará dele um animal de estimação ainda mais carinhoso e evitará crias indesejadas.

· Em viagem, o gato deve ser instalado da forma mais confortável possível.

Você e o seu gato viverão muito mais felizes juntos se aprender a conhecê-lo, a compreendê-lo e a desfrutar do seu carácter, amando-o apenas pelo que ele é – um animal magnífico.